Projeto Semeando Reflexão: A criança e as coisas pequenas da vida
Independente da rotina que se tem, do tempo disponível e da mídia, que invade nossos lares desmedidamente, os momentos que as crianças passam com seus pais são preciosos!
Sabemos que a família tem uma importância fundamental no desenvolvimento e na integridade das crianças. Temos diferentes formas de organizar a rotina (muitas vezes corrida) hoje em dia, algumas vezes podendo contar com colaboradores, mas é sempre muita coisa para conciliar: casa, escola, trabalho e demais compromissos, tanto dos adultos como das crianças.
Fato é que o tempo em casa é sempre muito curto para tudo que desejamos fazer. Chegamos em casa muitas vezes sem sair do trabalho, isto é, o celular permanece ligado e continua tocando. Vez ou outra ainda é preciso dar aquela olhadinha no computador para terminar uma tarefa ou verificar se obtivemos resposta para algo que encaminhamos ao longo do dia. Refiro-me a rotinas paralelas, acontecendo concomitantemente. Falei em fim do dia, mas o fim do dia para as pessoas que estão no mundo do trabalho é muito diverso. Para alguns é na hora do almoço, para outros, às 17h, para outros ainda, depois das 20h e para outros, quando os filhos já estão na cama. Aquela velha história de todos sentados à mesa na hora do jantar agora é um sonho de muitos pais. E os encontros, tão importantes para que a relação de fato aconteça?
Através dos jornais, televisão, convite de amigos de amigos e outras pessoas, temos notícias de possibilidades para as crianças: são peças de teatros, festas de aniversários, shoppings centers … Tais atividades são experiências interessantes, que ampliam o repertório, mas algumas vezes não favorecem o encontro entre adulto-criança, entre pais e filhos. Apesar de estarem no mesmo lugar, quase não se olham, não se ouvem, movidos pela atração, que cada um consome a partir de seus próprios critérios. E critérios muito distintos.
É isso mesmo, as expectativas de pais e de filhos num mesmo espaço podem ser diferentes. O que interessa uma criança em uma livraria é folhear diversos livros e ouvir histórias, enquanto os pais podem estar loucos para visitarem as estantes dos “livros mais lidos” ou para procurar algo relacionado com sua área de trabalho. A nossa decisão por uma ou outra situação depende de uma escolha e de novo temos prioridades em jogo. Por isso é importante considerar: se nosso tempo é escasso e estamos com nossos filhos, o que devemos priorizar?
E que momentos favorecem estes encontros a que me refiro? Sentar com os pequenos. Reconhecer velhos e bons livros lidos com eles E quando em casa, pegar uma caixa escondida no fundo do armário cheia de objetos, cada um com uma história: podem ser conchinhas, medalhas, fotografias, velhas carteirinhas de escola, bilhetinhos antigos, alguns exemplares que sobraram de uma velha coleção de gibis ou de miniaturas etc.
Também pertencem ao mesmo grupo de atividades os lençóis que magicamente se juntam às cadeiras e se transformam em cabanas no meio do quarto; brincadeiras com lanternas; aquela receita de bolo ou de biscoitinhos que exala um cheiro maravilhoso e cujo tempo de preparação representa uma espera quase impossível.
A nossa casa deve ser o cenário principal destes encontros. Um lugar que aconchega que reúne e que não somente supre necessidades básicas, como comer ou dormir, mas favorece acontecimentos que nos fazem gostar de estar neste espaço e com aquelas pessoas, significa-o afetivamente de forma constante.
Quem não tem este tipo de memória? Quem não deseja este tipo de experiência também para os filhos? Estamos falando de relações e significados construídos a partir delas. Os pais representam portos seguros, cuidado, diversão e limites. As crianças precisam destes distintos olhares e da presença que esclarece a pertença familiar e constrói uma história.
Atenciosamente,
A Coordenação.